Preconceito e gordofobia
Como sempre falamos, obesidade é uma doença crônica, de difícil tratamento, com bases fisiológicas muito claras que mostram que pessoas com essa enfermidade apresentam sim mais fome, menor saciedade e menor gasto energético. Logo, nenhum obeso é culpado por sua condição. O excesso de fome, a vontade de comer e a inatividade física são sintomas da doença obesidade e não a causa dela.
Apesar disso, o preconceito contra a população obesa é enorme. Tanto das pessoas em geral, como também de profissionais de saúde, governantes e mídias. O pensamento arraigado na população, de modo geral, é a de que o obeso é uma pessoa sem força de vontade para fazer dieta e preguiçosa para fazer exercícios. Isso é tão forte que até os próprios pacientes acreditam que são frutos dessas características e não de uma doença e com isso colocam- se mais negativos, ansiosos e depressivos, levando a mais fome e compulsão, o que piora ainda mais sua condição. Acham que não conseguem porque “não têm vergonha na cara”. Mesmo profissionais de saúde, muitas vezes, desprezam a queixa do paciente por serem obesos ou rapidamente colocam a culpa de todos os problemas no peso, afirmando que a solução é simples: basta fechar a boca e fazer atividade física. As políticas governamentais focam apenas em mudança de estilo de vida e orientações motivacionais e pouco em orientar o paciente a procurar o médico para tratar com medicamentos e ,eventualmente, com cirurgia bariátrica. Reforçando a ideia, mesmo subliminarmente, de que o problema principal é a falta de vontade de mudar. A televisão e outras mídias mostram em suas matérias imagens de pessoas acima do peso e sempre ressaltam a importância de mudança na alimentação e de exercícios, mas falam pouco sobre o tratamento como uma doença, que muitas vezes pode precisar de medicação.
Precisamos ver o paciente obeso com outro olhos. É necessário o tratamento com respeito e empatia, acolhendo-o, porque está doente e isso não é uma escolha.