Abordagem multidisciplinar da obesidade
Como já discutimos aqui, a obesidade tem origem em vários fatores: genéticos, alimentação ruim e/ou em excesso, sedentarismo, sono ruim, medicações, ambiente social obesogênico, exposição precoce da criança ou mesmo intra-utero a alimentos hipercalóricos, aspectos psicológicos (esteresse, ansiedade, depressão), bactérias intestinais (microbiota intestinal) entre outras. Frente a essas inúmeras causas faz-se necessário envolvimento de diversos profissionais para um melhor resultado a longo prazo desse paciente.
O médico avalia o paciente como um todo, buscando descartar doenças que podem causar obesidade e pesquisar se o paciente já apresenta alguma complicação do excesso de peso. É o médico prescreverá medicamentos caso seja necessário.
O nutricionista é responsável por elaborar a melhor estratégia alimentar, buscando levar em consideração hábitos alimentares, preferências, dificuldades na rotina alimentar e financeira, tentativas que não deram certo no passado. A individualização de cada paciente é importante, e não tratar todos iguais com uma dieta pronta. Uma mesma dieta pode ser efetiva para um e não funcionar para outro. É fundamental buscar a reeducação com mudanças que sejam sustentáveis no longo prazo.
A terapia cognitivo-comportamental é uma das técnicas auxiliares para o controle de peso . Tem como objetivo criar estratégias que ajudem nas mudanças necessárias para perda e depois manutenção do peso. O psicólogo é o profissional capacitado nesse processo. É ele que auxiliará no processo de automonitoramento, através de registros da ingestão alimentar, dos episódios de compulsão e dos eventos desencadeantes. Isso pode corrigir pensamentos errados em relação a alimentação. Controlar estímulos negativos que precedem a ingestão alimentar excessiva ou a inatividade física. Auxiliar na resolução de problemas encontrados no processo de mudança de estilo de vida. Reestruturação cognitiva: modificar as crenças e pensamentos , propondo uma reestruturação. O paciente muitas vezes têm distorções cognitivas, como por exemplo, dar muito valor a informação que confirma sua suposição (“Já comi esse doce, está vendo como eu não consigo? Vou desistir”), pensamento de tudo ou nada, ou extremista, que divide entre alimentos permitidos e proibidos, ou crenças sem nexo causa-efeito, mas que na cabeça dele existe, como por exemplo, ir ao shopping significa sair da dieta . O psicólogo pode ainda auxiliar ajudando no controle do estresse e ansiedade.
O educador físico é o responsável por prescrever o melhor tipo de atividade física para cada paciente, também respeitando a individualidade de cada um. O exercício tem papel no aumento do gasto energético, mas tem pouco efeito no peso se não acompanhando de um controle alimentar, já que nosso corpo mantem seu equilíbrio aumentando a fome quando fazemos atividade física. Por outro lado, para muitos, o exercício é acompanhado de melhores escolhas alimentares e ele ajuda na manutenção da massa magra (músculos) durante o processo de emagrecimento. O exercício tem papel ainda mais importante durante o processo de manutenção de peso após o emagrecimento. A taxa de sucesso de manutenção de peso perdido no longo prazo é muito maior naqueles que se mantêm ativos.
Esse time, composto por médico, nutricionista, psicólogo e educador físico, aumenta consideravelmente a chance de sucesso no tratamento. É comprovado ainda que quanto maior a frequência de contato com esses profissionais melhores são os resultados.